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Divagando sobre a Era Meiji

Nossa, que sono!
Também, né, são 2 a.m! Hahaha terminei agora de arrumar a minha mala, estou indo viajar, 10 dias de férias ♥ Por isso não tive tempo de escrever aqui o que eu queria desde manhã. Por isso também que vim antes de dormir, porque sabia que se não escrevesse hoje, não escreveria nunca. 

Hoje vou fazer mais um post sobre o Japão. Quer dizer, sobre alguns pensamentos que eu tenho a respeito do Japão. 

Em 2002 eu li Rurouni Kenshin pela primeira vez, eu tinha só 15 anos. Apesar de ter achado bem difícil entender todas as coisas de política e história do Japão, Kenshin foi um daqueles amores que bateu e ficou pra vida toda, sabe? Eu poderia ficar horas aqui falando sobre como eu pirava em cada OVA, em cada novel, em cada coisinha. Eu fiz um ano de kendô e posso dizer que grande parte do meu interesse mais profundo por samurais e história japonesa começou aí. Por isso eu pirei quando soube que a JBC iria relançar todos os volumes de Rurouni Kenshin, numa edição mais parecida com a japonesa mesmo (a edição velha, além de chamar Samurai X, dividia cada volume em vários mini-voluminhos, na época custava 3,90 eu acho, e era quinzenal!). 

Como eu não tenho a edição antiga de Kenshin, porque eu comprava junto com um amigo meu e ficou tudo com ele, nem pensei duas vezes e comprei! Tá no volume 9 já ♥ E essa semana, depois de colocar um pouco da leitura em dia, comecei a ler de novo o mangá, 11 anos depois. É incrível como 11 anos é MUITO tempo mesmo, né? De lá pra cá eu aprendi muita coisa, estudei muta coisa, conheci vários lugares, então ler Rurouni Kenshin hoje em dia é outra coisa, pra mim. Eu consigo entender bem melhor todo o contexto, os conflitos políticos, a briga de ideais e toda aquela balbúrdia que foi o final do Shogunato e a entrada da Era Meiji. Acho até que, pedindo licença para a Dana do passado, eu amo Kenshin MAIS AINDA agora que consigo entender melhor a cabeça deles e como as coisas funcionavam. Claro, eu tô longe de saber tudo o que eu gostaria do assunto, hahahaha. É MUITO difícil compreender a história e a cultura milenar de um país do outro lado do mundo, que não chega nem a ser citado em aulas de escola. Por mais que eu estude bastante por conta, a gente vai aprendendo um pouco mais todo dia. Aliás, as notas de rodapé de Kenshin são maravilhosas pra isso.

Mas apesar de ter a ver com o assunto, não era disso que eu vim falar. Eu vim falar de uma coisa mais... pessoal, digamos assim. Eu acho a história do Japão uma coisa muito triste. Muito cheia de guerras, de sangue, de tantas batalhas que podiam ter sido evitadas. No fim das contas, dá pra entender porque as pessoas eram enganadas ao achar que a Era Meiji traria paz. Imagina você viver num país fragmentado em feudos, onde as pessoas eram confinadas a castas hierárquicas e nunca poderiam melhorar de vida. Quer dizer, a Europa também viveu isso, mas acho que não sentiu o peso do feudalismo que o Japão sentiu. Japão foi feudal durante muito mais séculos, com muito mais guerras entre os feudos. Os detentores do poder e da espada podiam matar quem eles queriam, quando eles queriam, em nome de uma honra que nem sempre era verdade. Era literalmente matar ou morrer cada um por seus ideais. E a população, claro, vivendo no fogo cruzado sempre, os pobres com condições péssimas de vida. 

Por isso, quando a Era Meiji chegou com a ideia do Japão unificado, moderno, aberto para os outros países, era como um sonho. O mais bizarro é acreditar que isso aconteceu há apenas 145 anos. Quer dizer, há apenas 150 anos atrás, o Japão vivia fechado em um universo particular, onde os samurais se matavam em nome de seus mestres e em nome de um governo caótico que queria mudar da água pro vinho depressa demais. Sei lá, é um assunto denso demais pra tentar explicar em um post. Não sei se vai ficar confuso ou superficial demais tratar desse jeito. 

Imaginem assim: O Japão passou mais de mil anos fechado, criando uma cultura e disciplina próprias, assim como sua língua. Os ocidentais chegaram lá pela primeira vez lá pelos anos 1600 e tentaram arregaçar lá. Levaram jesuítas pra pregar o cristianismo, fizeram um milhão de tratados de comércio, enfim... praticamente estupraram a cultura japonesa e terminaram banidos de lá. Por mais 200 anos o Japão se fechou, estabelecendo o shogunato Tokugawa, que foi o mais forte de todos. Aí ok, nós tínhamos uma sociedade regida pelos shoguns, nas ruas quem comandavam eram os samurais, nas cidades haviam os mercadores, os artesãos e os fazendeiros. Havia as guerras, claro, chuva de sangue para todo lado por disputa de poder, de honra, moral, etc. Mas era o cotidiano deles, por pior que fosse. 

Até que, de repente, lá vão os ocidentais bater na porta de novo. Só que, cara, pensa, 1868. O mundo todo já tava desenvolvido. Já tínhamos tido as Revoluções Industriais, já tínhamos trens, eletricidade. E o Japão lá, vivendo de arroz e vestindo kimono, no AUGE da pancadaria que era o Bakumatsu. Claro que o Japão se sentiu atrasado e também bastante tentado a respeito do dinheiro. Quem é que não quer ser uma nação rica e próspera? Só que, né? Como a gente vai mudar um país inteiro e depressa, como queriam os ocidentais? Fácil, muito fácil. MUDA TUDO. Vira pros samurais e falam que agora eles não podem mais lutar. Tira o poder dos senhores feudais. Persegue a polícia que você mesmo montou (Shinsengumi, por exemplo) e mata todo mundo que for contra você!
MAS! (Sempre tem um mas) Claro que para a população, a propaganda era bem diferente. Estamos falando de modernizar o país, de acabar com as castas, de acabar com as guerras, de acabar com o medo nas ruas. Então obviamente o Japão se dividiu entre os que queriam a restauração Meiji e os que não queriam. MAS (de novo), os que não queriam a restauração não era porque eram só os arrogantes, detentores de poder não. A gente tá falando de uma cultura inteira, né? Imagina você fazer uma coisa a vida toda e de repente alguém falar que você não pode mais fazer? Imagina pra um samurai, que acreditava com toda sua força, que estava sempre lutando pelo Imperador, descobrir que o Imperador não queria mais que lutasse por ele? O que eles iriam fazer, pra onde eles iriam? 

É claro que eu acho que o Japão tinha mesmo que ter reestruturado o governo por mais igualmente e ser mais aberto às culturas estrangeiras (o nível de xenofobia era algo insano, eles matavam ocidentais no Porto de Yokohama), mas eu acho que tudo aconteceu rápido demais, errado demais, na intenção de impressionar os estrangeiros. Sabe como? Igual quando uma visita inesperada aparece na sua casa e você joga toda a bagunça dentro do armário. A visita não vai abrir pra ver, mas você sabe que tá um CAOS dentro da portinha. É desse caos que a gente tá falando. De milhares de pessoas que perderam o significado pra viver. De antigos guerreiros do Imperador que foram caçados e mortos iguais bichos pelo próprio governo que serviam. A verdade é que nem o governo sabia o que fazer, aí deu no que deu. No final das contas, o poder se concentrou na mão dos adeptos da Era Meiji e as castas só mudaram de nome. Virou um buraco imenso de desigualdade social. Hoje você vê como as coisas mudaram, o Japão se tornou uma super potência e em 145 anos eles saíram do feudalismo pra uma das maiores economias do mundo, sobrevivendo até à Segunda Guerra Mundial. Mas eu SEMPRE fico triste quando eu penso no custo que isso teve. Quanta tristeza não pagou a conta. 

Quando eu quis fazer esse post, nem era pra falar de HISTÓRIA, mas no final das contas não tinha como falar sem situar tudo. O que me fez querer escrever foi relembrar a idade que essas pessoas, esses samurais tinham ao morrer. No caso de Kenshin, o mestre do Sano, o Capitão Sagara, que era um personagem real da História, foi decapitado aos 29 anos. Quando morei no Japão, tive a oportunidade de conhecer um cemitério histórico, em Tokyo, onde são os túmulos dos 47 rounins. 



Contando a história em resumo, eles eram 47 samurais que serviam a um mestre, que foi assassinado. Se tornaram rounins (samurais andarilhos/sem mestre), mas ainda mantinham a lealdade em seus corações. Juntos, arquitetaram um plano de vingança para matar o assassino do senhor deles. Eles conseguiram, mas todos eles morreram naquele dia e as lápides deles estão todas juntas. Quando eu fui lá, comprei incenso pra acender pra todos eles e chorei igual criança. Tem os nomes deles e as idades, né? E tinham desde homens de 40 anos, até garotos de 18. Eu fiquei lá horas, sentada, tentando entender...como será que era a cabeça de um garoto desses? Que morreu em prol da lealdade para com um mestre? É foda demais isso. Eu sei que vocês vão dizer, "Ah, Dana, naquela época era diferente porque eles ficavam adultos cedo. Era outra cabeça e blablabla". Concordo. Mas eu me vejo agora com 27 anos, quase 10 anos a mais que muitos desses samurais que morreram e não consigo compreender como é ter um ideal tão forte assim.
Agora imaginem como foi, de repente, toda essa cultura ser apagada por uma "restauração de paz", que na verdade não trouxe paz nenhuma?
Sei lá, o Bakufu é um assunto que me deixa muito pensativa, HAHAHA. 
Apesar de ser uma coisa que nem eu e nem ninguém da minha família viveu, não tem como não achar triste, né?

Mas eu não fiz esse post pra deixar a galera na deprê não, HAHAHAHAHA. Eu sei que é um assunto denso, mas apesar de qualquer coisa, é uma coisa que eu piro demais e me interesso demais, então sempre fico louca e fico querendo conhecer ainda mais. Tô obstinadíssima a continuar lendo Kenshin, que é maravilhoso e uma aula de história pra quem quiser ler ♥ Na verdade, eu ousaria dizer que é leitura OBRIGATÓRIA pra todo mundo que diz gostar de Japão, HAHAHA. 

É isso, gente, espero que vocês tenham gostado, apesar de ter ficado totalmente um texto passeado pela minha mente!

Flor de Ameixeira no ar~

Olá, gente linda, como estamos? ♥
Hoje eu vim rapidinho (e eu vim, olha que milagre! Dois posts no mesmo mês, que lucro, HAHAHA) para deixar um recadinho pra vocês! Lembram do meu post sobre yaoi, né? Pois é, o Flor de Ameixeira foi lançado essa semana *_* Vou deixar aqui a sinopse para vocês terem um gostinho:

 A tranquila cidade de Kushiyama, no interior do Japão, é a nova residência de Naoki Fujimoto. Ao participar de um jogo macabro para conversar com os mortos, desperta a tragédia que manchou para sempre as paredes de sua escola. Entre mistério e medo, um sentimento profundo e incontrolável por um de seus novos amigos desabrocha como uma linda 'ume', a flor da ameixeira.
E aqui, a ilustração oficial dos personagens principais, feita pela Liliane Santos ♥

E aí, o que acharam? Eu amei escrever esse conto, porque mistura dois temas que eu adoro! Boys Love e terror japonês. Para quem não lembra, um dos posts mais divertidos do meu blog é justamente sobre lendas e fantasmas do Japão. Leiam também *_*

Enfim, o "Flor de Ameixeira" tem terror, suspense e romance, eu espero que vocês gostem! Está disponível para venda no Amazon e no Kobo *_* Não sabe como comprar e ler livros digitais? Aqui vão as instruções:

Para ler livros digitais (e-books) a gente não tem que necessariamente ter um aparelhinho do Kindle! O Kindle tem um aplicativo _GRATUITO_ que pode ser baixado em qualquer tablet, smartphone e PC! Isso mesmo, tem pra PC também *_*
Pra baixar é muito simples, vou colocar tudo pra vcs aqui ♥

Kindle pra PC,  Kindle pra iPhoneKindle pra iPadKindle pra AndroidKindle pra MacKindle pra Windows 8

Viram? Tem pra todos os fregueses! É só baixar o aplicativo pro que mais te servir, comprar o conto que você quiser EEEEEEEEE o Amazon envia bonitinho direto pro seu aplicativo do Kindle e você lê por lá *_* Simples e de GRAÇA ♥ Agora vocês não tem mais desculpa para não ler! Hahahahaha

Aproveitando a deixa dos recadinhos, também queria anunciar e divulgar aqui o meu novo vídeo da coluna Sopa de Letrinhas, do Bookeando. O tema do vídeo é "Das ideias para o papel - Como começar a escrever?" e eu falo um pouco sobre coisinhas legais de estudar para conhecer mais técnicas narrativas e criações de personagem. Vocês podem ver o vídeo AQUI ♥.

É isso, gente, eu espero que vocês gostem de tudo! Quem ler, por favor, me mande feedbacks que eu adoraria saber o que vocês acharam!
Mil beijos!

IT'S ALIIIIIIIVE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Fala sério, hein? Só não sinto mais vergonha de mim mesma pelo sumiço, porque deeeeeesde o começo do blog eu avisei que eu era dessas! Hahahaha sei que assim eu não ganho seguidores, mas fazer o que? Pelo menos não prometo o que sei que não vou cumprir. Me desculpem por isso! ♥

Mas vamos começar, não é? Estamos em maio de 2013 agora, já faz dois anos que eu fiz esse blog (e menos de 10 postagens, sei lá, hahaha). É curioso, né? Quanta coisa aconteceu até agora. Por isso, antes de entrar no assunto que eu queria falar, vou contar brevemente as novidades até agora!

Primeramente: meu conto "Homérica Pirataria" está de cara e casa nova! ♥ Ele deixou de fazer parte do Steampink, ganhou uma suave repaginada e mudanças de cena e agora foi lançado em formato e-book pela Editora Draco ♥ Ele pode ser comprado por qualquer link daqui: http://editoradraco.com/2013/03/21/homerica-pirataria-dana-guedes/ por apenas R$2,99! Pelo Amazon.com.br ele chegou e ficar por vários dias nas primeiras posições entre os contos mais vendidos de Fantasia *_* Passou "Crônicas de Gelo e Fogo" nos dois primeiros dias! Fiquei muito feliz, hahahahaha. Então eu peço a todos que comprem e me façam uma resenha, pra eu saber no que melhorar nos próximos contos *_* Dá pra ler em qualquer tablet, smartphone e até mesmo no PC! Basta baixar o aplicativo gratuito do Kindle, legal demais!

Além do "Homérica", também foi lançado, pela Ed. Estronho, o meu conto "Um causo dos que não se contam na floresta de concreto", que faz parte da antologia "Quando o saci encontra os mestres do terror". É uma história de terror baseada no folclore brasileiro do curupira ♥ Vocês podem comprar a antologia completa (em formato e-book ou impresso!) ou podem comprar apenas o meu conto, disponível aqui. Custa apenas R$1,99! ♥

E em breve, pela Ed. Tarja, meu conto "Akazoku" será lançado na antologia MEGA-LEGAL chamada "Retrofuturismo", com todos os 'punks' que fazem parte da história e da literatura!


Meu conto é de Transistorpunk e foi uma das histórias com background mais legal que eu já criei! Eu acho que vocês vão curtir, quando sair eu aviso a todos, especialmente pelo Facebook.

E a mais recente novidade é justamente o motivo de eu fazer o post de hoje! Em breve também, pela Draco (minha editora oficial, que abraçou todas as minhas ideias loucas ♥), irei lançar o "Flor de Ameixeira", um conto de terror com yaoi. Isso mesmo, yaoi! Amor entre menininhos! Hahahaha ♥ Pra quem me conhece sabe que eu sou fã do gênero há muitos anos, jogo RPG yaoi e faço muuuuitos cosplays de menininho, mas nunca havia escrito um conto gay de verdaaaaaaade mesmo, para ser lido em público, Hahahaha. Pois o Erick, meu editor, adorou (mesmo sendo hetero!) e agora estamos lançando, quando estiver no ar eu avisarei a todos. Estou muito muito muito animada, de verdade!

Então é sobre isso que irei falar hoje: YAOI.
Já prevejo muita gente torcendo o nariz, hahahaha. Mas acho que o post vai vir bem a calhar. Muita gente me pergunta porque eu gosto de yaoi. Quer dizer, eu sou mulher, adulta, hetero, por que eu gosto de ver menininhos se pegando? Tem gente que acha que é doença, fetiche, sei lá, mil coisas. Bom, devo admitir que tem MUITAS fãs de yaoi que são completamente piradas mesmo, hahahaha, mas eu me considero uma fã do tipo normal, na medida certa. Não vejo yaoi em tudo, mas não uso antolhos, como muitos fãs de casais "heteros". Então vamos lá, vamos situar o yaoi:

O gênero de Boys Love (ou BL) é muito comum no Japão, nos animes, mangás, games, tudo isso. Aliás, eu - Dana- não costumo ver 'yaoizisses' em coisas fora desse universo, só no que é proposital, mas já falarei disso! Enfim, existem vários níveis de "amor de menino", nós temos o Shounen-ai (literalmente Boys Love), que é uma coisinha suave, mais meiga, mais Bromance e tal, essas coisas. Temos o yaoi mais propriamente dito e descarado. O Lemon, com cenas de sexo explícito... Enfim, são muitas divisões e umas que eu nunca vi na vida, mas são detalhes irrelevantes pra um post geral como esse.

De qualquer jeito, seja a divisão que for, o público alvo dessas mídias envolve garotas de todas as idades, número e grau. Sim, MENINAS. É feito para mulher! Claro que existem os garotos que gostam, mas num geral é para a mulherada mesmo. Existe até um termo para denominar as fãs nas assíduas do gênero: Fujoshi. Mas por que meninas gostam tanto disso, eu inclusa nessa conta? Bem, falando por mim, eu gosto porque acho uma gracinha e sexy. Talvez seja o equivalente ao motivo dos caras gostarem de ver um casal de lésbica, sabe? Com a diferença que não é só a pegação, é também a história por detrás. E existem realmente mangás BL com casos de amor lindos! Eu gosto mesmo - devo, não nego e não me arrependo, HAHAHA. E não estou sozinha nessa. Milhares e milhares de garotas no mundo inteiro adoram e criam um fandom (conjunto de fãs de uma mesma coisa) gigantesco que ingere yaoi, ESPECIALMENTE as japonesas.

Agora vocês vão dizer: "Nossa, a Dana brisou! Como assim as japonesas curtem essas coisas? O Japão só tem gente reprimida, eles nem deixam os gays sairem do armário!". Pois é, gente, mas existe uma verdade que não é de conhecimento geral das pessoas. O Japão só se tornou um país categoricamente hetero depois da abertura dos portos para os países estrangeiros, quase em 1900. Ou seja, há pouco mais de 100 anos, um dos ensinamentos da disciplina samurai era que apenas o amor entre dois homens era puro e verdadeiro. A mulher era feita apenas para a reprodução. Esses ensinamentos eram chamados Shudou.

(Sim, são dois homens na imagem!)

Havia uma porção de "atividades" homosexuais, na época. Para os samurais, era o amor entre um jovem aprendiz e um mestre, considerado sagrado para a luta nos campos de batalha: O mais jovem ganharia experiência, o mais velho receberia juventude, e ambos teriam força de vontade para lutar um pelo outro.

Também havia a pederastia entre os monges budistas, os prostitutos, os onnagatas (atores de teatro Kabuki que faziam papel de mulher -porque mulheres não podiam atuar- e geralmente se prostituíam depois das peças)... enfim, uma infinidade de coisas. Quando os Estados Unidos tomaram conta do Japão e de sua cultura, essas práticas acabaram, assim como todo o resto, e o Japão foi se tornando mais... como eu diria? "Comum", como os países ocidentais, que abandonaram as antigas práticas homossexuais muitos séculos antes, quando o cristianismo acabou com a cultura greco-romana e toda a putaria que rolava por lá, Hahaha.

Mas bem, prosseguindo com o comportamento da sociedade japonesa. Essa coisa de amor entre homens ser puro, da mulher ser reprodução... apesar de ter acabado, a consciência meio que fica até hoje. Não é a toa que o Japão é um dos países mais machistas do mundo. Pra quem já teve a chance de conviver bastante com japoneses nativos, deve saber que é realmente diferente o modo como dois garotos se tratam e como um garoto trata uma menina. A amizade entre dois homens é muito mais aberta, eles se sentem à vontade um com o outro. Tanto é assim que é _extremamente_ comum os banhos públicos só para homens. Na pensão onde eu morei em Tokyo, o chuveiro dos meninos era coletivo. Todos os caras ficam lá, pelados de boa, conversando, sem preconceito ou pudores em ficar olhando o pipi do outro, hahaha. Sem contar quando eles saem pra beber, ficam se agarrando, também brincando com essa coisa de ser gay. É bem legal, na verdade, hahaha porque eles não tem a nossa malícia nem o nosso preconceito (a menos que sejam gays assumidos, aí a coisa muda de figura). Mas também é um ambiente bem propício a essas histórias de Boys Love e não é a toa que a coisa toda do yaoi é mais forte lá. Se for parar pra ver, muitas histórias se passam na época da escola (adoro! Hahaha) ou em situações cotidianas do gênero. Isso é porque existe um motivo por trás, seja gay de verdade ou não, que dá espaço para florescer esse tipo de história.

E vende viu? VENDE MUITO. E quanto mais o tempo passa, mais vende e o público só cresce! E isso pode ser visto nitidamente, refletido em todo o cenário de cultura pop japonesa. Eu escolhi alguns exemplos para mostrar e ir comentando! Olhem só isso:



Esse é Slam Dunk, um anime/mangá dos anos 90 que falava sobre times e jogos de basquete, lançado pela Shounen Jump. A Shounen Jump é uma revista semanal, lançada pela Shueisha, com mangás que são basicamente voltados para garotos. Shounen = menino, em japonês. São mangás num geral mais agressivos, com mais ação e menos mamão-com-açúcar e romancinho, como são os mangás Shoujo (para meninas). Agora olhem isso:




Esse é Kuroko no Basket, um anime/mangá lançado em 2008 (o anime é de 2012), TAMBÉM pela Shounen Jump, que TAMBÉM fala sobre times e jogos de basquete. Deu pra reparar a diferença, né? Em dez anos, tudo mudou no universo "shounen" e isso porque muitas MENINAS começaram a consumir mangás "para meninos". Essa diferença que era tão gritante, hoje em dia não existe mais. E a gente encontra nesses novos "shounen" um traço muito mais delicado, mais feminino e -SIM- com várias indiretinhas e cenas de "fanservice" de Boys Love, justamente para agradar o público feminino. Então sempre que alguém que não é fã de yaoi torcer o nariz dizendo que "ai ficam vendo casal onde não existe", melhor parar para repensar. Às vezes não existe mesmo, é só porque a pessoa gosta. Mas às vezes são essas ceninhas propositais, feitas justamente para VENDER para esse novo público formado por garotAs.

Outros exemplos:



K Project: Vocês acham mesmo que é "sem intenção" que eles colocam cenas e artes oficiais como essas? Os dois personagens "opostos" ligados com flores e uma fita que curiosamente parece a "linha vermelha do destino". Ou o fato do Munakata acender o cigarro dele no cigarro do Mikoto?
Não, gente. Desculpa, mas não é por acaso.
INDEPENDENTE de achar que é casal ou não, de aceitar, de ser ou não ser, a questão é que cenas e artes assim são feitas justamente para as meninas surtarem, gostarem do casal e também para fazerem cosplay. O cenário de cosplayers hoje em dia é composto 90% de meninas. Por isso que eu digo que pessoas que "não aceitam" mulheres fazendo cosplay de personagens homens estão paradas no tempo. Hoje em dia é RARO achar um homem fazendo cosplay de homem. Ok, eu conheço muitos, mas se for parar pra ver em números, é uma porcentagem muito pequena. Dos cosplayers famosos que são "meninos lindos", quase todos são meninAS, hahaha. Reika, Stay, Yuegene... acho que dos nomes mais populares apenas o Kaname é que realmente tem algo dentro das calças. Esse é o novo perfil, não apenas dos cosplayers, mas dos fãs de anime e mangá japoneses.

E não pára por aí não, vamos para mais exemplos:
Tiger & Bunny, "Você tem cílios longos e lindos". O próprio criador de Tiger & Bunny disse, quando perguntaram se o Kotetsu e o Barnaby, protagonistas da série, eram um casal gay: "Fica a critério de quem assiste". Se não era, por que não disse "não"? É uma estratégia de marketing muito inteligente, na verdade, assim mantém como fãs tanto quem curte yaoi quanto quem não curte. Mas se está em aberto é porque a gente pode gostar do que quiser, certo?

Prosseguindo:
Lost Canvas, quando Minos encontra Albafica de Peixes: "Que homem lindo!". Isso somado ao traço mais delicado e outras frases de duplo sentido faz a dupla ser um dos casais favoritos das fujoshis. E, claro, não podemos esquecer de Phantasos, o deus do sono travesti, apaixonado por El Cid de Capricórnio:

E mais alguns exemplos:

Kuroshitsuji: Além do zilhão de cenas fanservice entre Sebastian e Ciel, na série principal, no anime o Alois (personagem loirinho da segunda foto) diz com todas as letras que ama seu mordomo.
Ah sim, gostaria de lembrar aos meus leitores que NENHUM desses animes/mangás que eu estou citando são classificados como Boys Love. São apenas comuns, para todos os gêneros de leitores.


Nem Naruto escapou da onda!

Em Hetalia, Hidekaz Himaruya (o criador da série) divulgou que o Suécia é realmente gay e apaixonado pelo Finlândia, a quem chama de "esposa". Mas apesar de ser o único personagem "assumido", quem já assistiu a série sabe que existem 1.000.000.000.000 de coisas bem boys love de outros characters também.


BRAVE 10: Unno Rokurou (o de jaqueta quadriculada) é o braço direito de Sanada Yukimura e por todo o anime e mangá os leitores podem ver os dois sempre literalmente grudados. Rokurou até divide a cama com Yukimura em muitas cenas, sempre acordando do lado dele e em uma das side stories, a criadora escreve o quanto eles se completam e formam um só. E pra não falar só deles, o personagem Goemon também é declaradamente apaixonado pelo Koujurou, vassalo de Date Masamune.

 Zone-00: Uma imagem não é o suficiente para ilustrar esse mangá, Hahaha. Além desse beijo entre irmãos, também temos muitos personagens masculinos que parecem mulheres, personagens meninos que gostariam de ser meninas, apaixonados por outros meninos e... enfim, é uma coisa de louco! Mas se engana quem pensa que é classificado como Boys Love, porque a maioria dos casais são hetero, cheio de garotas peitudas também! Hahahaha! Feito para todos os gostos.

Bem, e para não dizer que é apenas anime e mangá que entrou nessa dança, diversas outras mídias pop também começaram a se moldar para o novo público, como por exemplo, os Tokusatsu. Isso mesmo, os "Power Rangers originais, do Japão". Vou ilustrar:

Aqui temos Dengeki Sentai Changeman, no auge dos anos 80.

E aqui temos Samurai Sentai Shinkenger, de 2009. Deu para reparar a diferença, né? Os atores "tiozões" com cara de super heróis foram trocados por garotos bonitos, atores populares e modelos. Uma curiosidade é que MUITOS atores de sentais já participaram de algum filme yaoi.  Quer ver? Olhem embaixo:

 Esse é Tokumei Sentai Go-Busters, lançado no ano passado. Estão vendo o menino de azul? O nome dele é Ryoma Baba e ele já participou de diversos filmes da série boys love Takumi-kun.

Aqui nosso menino Baba Ryoma beijando o namoradinho dele no filme! A propósito, em Shinkenger, o de azul (Hiroki Aiba) também já participou de um filme da série Takumi-kun, mas não beijava ninguém, hahahaha. O Hiroki também já fez outro filme "shounen-ai" chamado Sukitomo.

Enfim! Esses são apenas alguns exemplos das milhões de coisas que eu poderia citar, se eu pudesse escrever infinitamente um post ainda maior que esse, hahaha. Isso porque eu nem quis falar de yaoi DE VERDADE, porque é claro que quem gosta do gênero conhece muito mais coisas que são oficialmente gays. Eu só queria mostrar que hoje em dia, mesmo a indústria pop "típica" japonesa traz MUITAS coisas e influências de boys love, justamente para agradar esse novo público feminino que chegou abalando geral.

Apesar de eu gostar bastante do gênero, eu não quis escrever isso tudo para fazer uma apologia ao yaoi. Na verdade eu só queria mostrar o boys love em outro parâmetro, comercial e comportamental, para que as pessoas que não gostam, pelo menos entendessem um pouco mais sobre o tema e ver que nem sempre a gente "enxerga o que não existe". Muitas vezes não existe mesmo, oficialmente, mas bem que eles jogam uma pimentinha para ver a galera surtar, hahahaha.

E é isso, espero que vocês tenham gostado ♥ Aguardem o "Flor de Ameixeira" em breve, para venda online!